Seria a
instalação interativa DEEP ALICE uma máquina de sonhos? Ela realmente poderia
sonhar? Afinal, “quem você pensa que sonhou?” pergunta Alice no final do
livro “Alice Atravessando o Espelho”. A partir de recortes das ilustrações desse
livro e do “Alice no País das maravilhas” de Lewis Carol, o visitante é
convidado a construir cenas que alimentam um “imaginário” maquinal: uma máquina
capaz de capturar a cena produzida e recriá-la através de um sistema de geração
instantânea de imagens utilizando Inteligência Artificial. Para tanto, a
máquina gera automaticamente fragmentos de textos dos 2 livros e os utiliza
como prompts (frases que influenciam, ou até mesmo determinam, o
conteúdo da imagem a ser gerada). Esses prompts vão ganhando em
complexidade na medida em que o visitante interage com a instalação. Em
associação com as cenas criadas pelos visitantes, esses prompts produzem
imagens cada vez mais sem sentido e incoerentes a partir da perspectiva humana.
Mas do ponto de vista maquinal, por mais aleatórios que sejam os resultados,
estes ainda são coerentes com sua lógica interna combinatória e computacional.
Em DEEP ALICE as profundezas dos processos computacionais são tornadas
tangíveis através de imagens improváveis, embora totalmente lógicas em sua
essência.