RESUMO






link do vídeo:   https://youtu.be/4HtYqJlIogU

DEEP ALICE é uma instalação interativa onde o interator é convidado a participar da construção de imagens que vão constituir um “imaginário” de uma máquina. A partir de processos de geração de imagens por Inteligência Artificial, essa máquina transforma esse imaginário em “sonhos maquinais”.

O imaginário maquinal (coleção gradativa de imagens/cenas criadas pelo interator e assimiladas pela máquina) é assim construído: o interator compõe cenas com figuras de papel (recortes das ilustrações de John Tenniel dos livros “Alice no País das Maravilhas” e “Alice Através do Espelho” de Lewis Carrol) ao selecioná-las e colocá-las sobre uma superfície. Essa superfície, situada em cima de uma mesa (mesa 1) e sob uma câmera suspensa (Câmera 1), é da cor verde e possui recortes soltos de papel nas cores verde e vermelha. Ao selecionar e posicionar esses elementos (figuras e recortes coloridos) abaixo de uma câmera suspensa sobre a mesa, o interator descobre que a composição/cena gerada é projetada na parede (projeção de vídeo na tela 1). Na parede encontram-se 2 projeções: a tela 1, com a imagem de vídeo da composição na mesa 1. Ao lado desta, na tela 2, encontra-se uma imagem espelhada da imagem de vídeo da tela 1.




Nessas 2 telas o interator pode observar que os recortes dos personagens/figuras “flutuam” por texturas dinâmicas que, por sua vez, são determinadas pelas posições dos recortes verdes e vermelhos estabelecidas pelo usuário (através da técnica Chroma Key, podemos mapear imagens de padrões geométricos dinâmicos nesses recortes. A complexidade das texturas aumentam com o passar do tempo: partem de superfícies com discretas variação de cores para padrões geométricos que se movimentam sutilmente). O stream de vídeo composto pelos recortes dos personagens e fundos dinâmicos são enviados para um conjunto de softwares que vão produzir automaticamente imagens geradas por Inteligência Artificial, compondo um stream de vídeo sintetizado em tempo real. No entanto, o resultado desse processo de geração de imagens só é visto se alguém (o próprio ou um novo interator) girar uma espiral colocada sobre a mesa 2 (ao lado da mesa 1) e sob uma segunda câmera suspensa. Ao girá-la, a imagem espelhada da mesa 1 projetada na tela 2 começa a se dissipar, revelando uma nova imagem de vídeo (a imagem da tela 1 permanece sem alteração). Esse vídeo, gerado em tempo real, é resultado da transformação do vídeo original da mesa 1 por prompts (mensagens de texto enviadas ao software de IA que influenciam ou até mesmo determinam o conteúdo das imagens geradas) automaticamente gerados a partir de fragmentos de textos dos 2 livros. 




Quanto mais tempo o interator permanecer girando a espiral, mais profundo é o mergulho no “sonho” da máquina. Esse sonho, por sua vez, também vai se tornando mais complexo, estranho, perdendo gradualmente sua relação inicial com as imagens reais (aquelas anteriores ao processamento da Inteligência Artificial). Essa transformação da qualidade do sonho é resultado da ação dos prompts que vão se tornando mais complexos com o passar do tempo: eles se iniciam como sendo resultado do sorteio de trios de personagens dos 2 livros a cada 20 segundos, passando pela composição aleatória de sentenças formadas por fragmentos de frases dos livros e finalmente chegando na inversão de cada letra das sentenças geradas pelo método anterior. O resultado visual dessas estratégias são imagens que inicialmente apresentam certa semelhança entre os inputs visuais (composições geradas na primeira mesa) e os prompts e que, gradativamente, desconstroem essa semelhança, gerando híbridos entre os inputs visual e textual. Essa hibridização, notada a partir das diferenças entre a imagem original na tela 1 e a imagem sintetizada na tela 2 (colocadas lado a lado), se radicaliza no último estágio onde o resultado (frases com letras invertidas) passa a ser indecifrável para a máquina, obrigando-a a mobilizar imagens aleatórias, ainda assim ancoradas nas estruturas estabelecidas pelos inputs visuais e seu banco de imagens no qual foi treinada (modelo). Nesse momento, quando essa máquina produz imagens a partir da tensão entre o seu presente e passado, da fricção entre uma linguagem ilógica externa a ela e sua estrutura lógica interna, podemos fazer a mesma pergunta da Alice com a qual Lewis Carol termina o “Alice Através do Espelho”: “Quem você pensa que sonhou?”.

 

 


PS: Em relação aos prompts, cabe ressaltar que os mesmos são gerados continuamente e sua imagem invertida/espelhada pode ser visualizada na tela 1. Quando o usuário gira a espiral, revelando a imagem sintetizada por IA na tela 2, o prompt aparece “desinvertido” nessa tela.

Eles são gerados em inglês, a partir dos textos originais de Lewis Carrol e traduzidos instantaneamente por IA para português (ver link a seguir para pormenores técnicos: DEEP ALICE: Desenvolvimento (deep-alice.blogspot.com). Cabe ressaltar que tanto os textos de Carrol como as ilustrações de John Tenniel são de domínio público desde 2003.



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